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Primeira empresa a ser confirmada na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Uberaba, a portuguesa H2Green – a partir da subsidiária H2Brasil – tem o potencial de projetar Minas Gerais para o mercado global da transição energética. Em plena operação, a usina deve faturar R$ 3,3 bilhões por ano, tornando-se um dos maiores projetos de hidrogênio verde do mundo.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Comércio, o CEO da H2Green, Pedro Caçorino, destaca que a planta em Uberaba atingirá 600 megawatts (MW) de potência instalada na terceira fase do projeto, que deve ser concluída em até cinco anos. A operação, segundo ele, deve superar em 30 vezes a maior planta instalada atualmente na Europa, que chega a 20 MW.

A disponibilidade de energia na ZPE de Uberaba foi um dos fatores decisivos para a escolha por Minas Gerais. “Cogitamos nos localizar nos portos, como em Piauí, mas esbarramos no que mais pesa no custo: a energia”, revela.
Em território mineiro, a empresa encontrou oportunidades favoráveis para produção competitiva, tanto em comparação a outras localidades quanto aos combustíveis cinzas, produzidos a partir do gás natural. Além da energia, o executivo considera que o Estado tem uma ligação razoável com os portos brasileiros, além da mobilidade a partir de ferrovias e rodovias. “Encaramos como uma oportunidade estratégica, somada ao importante componente de pioneirismo.”
Para Caçorino, a produção de hidrogênio e amônia verdes pela empresa tem o potencial de posicionar Minas Gerais e o País como a “grande fábrica de fertilizantes” do mundo, à frente de países como China, Índia e Arábia Saudita. Parte da produção será destinada ao consumo interno, o que promete gerar um ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico para além do Triângulo Mineiro.
Dentre os planos revelados, estão o uso dos insumos para a produção de combustível sintético a partir do carbono capturado, além da canalização direta para fornos de cimenteiras e para a indústria alimentícia. “A produção no Brasil é outra realidade se comparada à de outros países e continentes. A energia é considerada verde pelos critérios definidos pela União Europeia e o preço final é muito mais competitivo, o que nos coloca em posição de negociar em igualdade com o hidrogênio cinza”, ressalta o executivo.
Além do potencial energético, a COO da H2Green, Nathália Ervedosa, pontua que a existência de um cluster industrial consolidado em Uberaba também foi fundamental na decisão de se instalar no local. Segundo ela, a pujança da indústria municipal tornou economicamente viável a meta de 600 MW de potência instalada na terceira fase do projeto.

Outro diferencial competitivo do Estado envolve um pacote de isenções fiscais e uma parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que deverá acompanhar a empresa em todas as fases do projeto, garantindo o fornecimento de energia ao custo necessário, sem a necessidade de subsídios. “O Estado foi muito generoso conosco. Recebemos isenções fiscais federais e estaduais – algo que nenhum outro local está oferecendo atualmente”, acrescenta.
Usina priorizará contratações de brasileiros
O desenvolvimento da empresa também promete impulsionar a geração de empregos e o avanço da qualidade de vida na região. De acordo com a executiva, todos os profissionais brasileiros com as mesmas competências que cidadãos portugueses serão priorizados na contratação.
A usina será instalada em uma área de 700 mil metros quadrados (m²), tornando-se a maior planta de hidrogênio em larga escala do Brasil. O projeto é uma cooperação entre Brasil e Portugal para ampliação da oferta de energias renováveis e deve gerar cerca de 1 mil empregos diretos.
Para o futuro, além da unidade em Minas Gerais e da instalação no Porto do Açu (RJ), voltada para exportação, a expectativa é que, nos próximos anos, a empresa possa contar com uma planta no Nordeste. “Se souber aproveitar bem, o Brasil poderá chegar a outro patamar a partir da atração de investimentos em hidrogênio verde e transição energética”, finaliza Nathália Ervedosa.
Fonte: Diário do Comércio | Foto: Divulgação
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