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Após investimento inicial de R$ 50 bilhões, o data center da Casa dos Ventos deve receber um aporte de mais R$ 100 bilhões em uma futura segunda fase do empreendimento, totalizando R$ 150 bilhões.
As informações são do diretor de Inovação da Casa dos Ventos, João Caldas. Segundo o executivo, as obras devem ser iniciadas até dezembro deste ano, com a terraplanagem para o recebimento dos prédios.
O data center será instalado no Complexo Industrial do Porto do Pecém (Cipp), em Caucaia. De acordo com a empresa de soluções em energia renovável, mais de 25 mil empregos diretos e indiretos devem ser gerados na construção e operação da iniciativa.
Segundo o diretor de Inovação, a primeira fase do data center abarca a terraplanagem do terreno, a construção de dois prédios e a instalação dos equipamentos de alta tecnologia para o processamento de dados.
Após a terraplanagem, será instalado todo o aparato tecnológico de avançados hardwares e sistemas de tecnologia para o armazenamento e processamento de dados, além da estrutura de refrigeração.
Já a segunda fase do projeto está relacionada à concretização da conectividade do empreendimento. Para essa etapa, a Casa dos Ventos irá instalar novos parques eólicos e solares no Nordeste, com capacidade diária de 2.023 megawatts (MW). O objetivo é alimentar as atividades do data center e outros projetos futuros.
Atualmente, a Casa dos Ventos dispõe de uma licença ambiental para o empreendimento, mas aguarda a licença de instalação. A previsão é de que a operação do data center inicie no segundo semestre de 2027.
A Casa dos Ventos foi questionada sobre um cronograma de datas e investimentos mais detalhados para o empreendimento, mas esclareceu que números como esses dependem dos acordos e negociações realizados ao longo do desenvolvimento do projeto.

Ceará como grande polo tecnológico
Após aprovação, a iniciativa se utilizará de benefícios fiscais da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) para importação de equipamentos de tecnologia e exportação de serviços de processamento de dados via cabos de fibra óptica já instalados na região, permitindo conexão com diferentes países.
Segundo a empresa, os impactos diretos do data center envolvem o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, a geração de emprego e a qualificação profissional, posicionando o Ceará como um grande polo tecnológico.
“Trata-se de uma oportunidade concreta para o País exportar serviços de alto valor agregado, reforçar receitas financeiras, promover desenvolvimento econômico e emprego, além de acelerar a transição energética”, indica João.
Na visão do diretor, o Estado reúne condições únicas para receber investimentos desse tipo, como:
- Presença da ZPE Ceará;
- Proximidade das estações de cabos submarinos em Fortaleza, que conectam o Brasil aos principais hubs globais;
- Robusta conexão com o Sistema Interligado Nacional (SIN);
- Oferta de energia renovável disponível no Nordeste.
Contrapartidas socioeconômicas
O usufruto dos benefícios fiscais da ZPE pela Casa dos Ventos será feito mediante uma série de ações de contrapartida realizadas pela empresa. O plano foi elaborado junto a uma consultoria especializada, com o propósito de atender as necessidades socioeconômicas das comunidades do entorno do Complexo. Confira, abaixo, algumas das contrapartidas:
- Criação de um novo Centro Tecnológico na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) para impulsionar o ensino, a pesquisa e a inovação, conectando-se à base educacional do Estado;
- Capacitação e qualificação de fornecedores locais;
- Investimento de aproximadamente R$ 90 milhões para construir cerca de 100 km de redes de fibra óptica, com o objetivo de ampliar e aprimorar a conectividade dos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante. Essa iniciativa beneficiará diretamente escolas públicas da região que serão conectadas a essa nova infraestrutura;
- Investimento de até aproximadamente R$ 5 milhões para equipar escolas públicas de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, garantindo que atendam aos padrões de infraestrutura tecnológica definidos pelo Ministério da Educação (MEC);
- Construção de infraestrutura elétrica essencial, como a Subestação Pecém III (R$ 300 milhões), que eliminará gargalos energéticos e atrairá novas indústrias ao Cipp;
- Fortalecimento de ecossistemas de inovação locais, como o “Pacto Pelo Pecém”;
- Desenvolvimento do conceito de “Ceará Valley”, posicionando o Estado como um hub global de tecnologia.
Projeto vai produzir até 900 mil toneladas por ano de amônia verde
Iniciado em 2021 e também localizado no Complexo, o Projeto H2 Pecém é uma iniciativa da Casa dos Ventos de exportação de hidrogênio verde e amônia em escala global, com foco na descarbonização de setores industriais ao redor do mundo.
A proposta prevê uma capacidade de produção de até 900 mil toneladas por ano de amônia verde, com Data de Operação Comercial (COD) estimada para 2029.
Já estão em desenvolvimento os projetos de infraestrutura, incluindo conexões elétricas e instalações de armazenamento compartilhadas. O investimento final deve ser definido nas próximas etapas.
De acordo com João Caldas, a abundância de fontes renováveis a preços competitivos permite que as instalações do projeto operem com altos fatores de carga 24 horas por dia todos os dias, posicionando os projetos da região de forma favorável no mercado global de hidrogênio verde e derivados.
Próximos investimentos no Porto do Pecém
– Ferrovia Transnordestina: deve ligar o interior do Ceará, Piauí e Maranhão ao Pecém e movimentar cerca de 6 milhões de toneladas só no primeiro ano de operação. Previsto para 2028.
– Terminal de Tancagem do Pecém, obra da Dislub Equador: vai permitir a movimentação de granéis líquidos, como petróleo, combustíveis, biocombustíveis e produtos químicos. A primeira fase terá capacidade de armazenamento de 130 mil m³, com previsão de operação a partir de agosto de 2027. A obra está em andamento e o investimento é de R$ 430 milhões.
– Hub de Hidrogênio Verde: sete pré-contratos assinados com as empresas Auren Energia (antiga AES Brasil), Casa dos Ventos, EDF, Fortescue, FRV, Voltalia e Fuella AS. Somente esses pré-contratos assinados até agora já somam US$ 24 bilhões em investimentos.
– Operador de Amônia Verde: pré-contrato assinado com o consórcio formado pelas empresas Stolthaven Terminals e Global Energy Storage (GES), que deve atuar como operador da infraestrutura logística de amônia verde no Hub de Hidrogênio Verde.
– Pré-contrato assinado com a Utilitas: empresa ficará responsável pela produção e fornecimento de água de reúso para o hub de H2V instalado na ZPE Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste | Foto: Divulgação
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