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Entrevista exclusiva com Fábio Feijó, presidente da Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE Ceará).
À Revista NORDESTE, o presidente da ZPE Ceará detalha como o estado estrutura a chegada de grandes data centers, os investimentos bilionários em energia limpa e a estratégia que pode consolidar o Ceará como hub digital do Nordeste.
Importante ressaltar que, no Ceará, o governador Elmano de Freitas exige que novos empreendimentos devam utilizar apenas energia produzida por fontes renováveis. Confira a entrevista:
Integração energética e sustentabilidade
REVISTA NORDESTE — Com os investimentos previstos de R$ 22 bilhões em novos parques solares e eólicos, como a ZPE Ceará pretende garantir que o avanço dos data centers recentemente anunciados ocorram de forma sustentável e integrado à matriz de energia limpa do estado?
Fábio Feijó — A ZPE Ceará tem como prioridade assegurar que o avanço dos data centers ocorra de forma plenamente integrada à matriz limpa do Estado, sustentada por esse aporte financeiro. Esses investimentos, localizados fora da área incentivada, ampliam a geração de energia renovável no interior do Ceará, descentralizando o desenvolvimento e reduzindo desigualdades regionais.

Os data centers serão abastecidos exclusivamente por fontes 100% renováveis, com sistemas de resfriamento de alta eficiência, uso de água de reuso em circuito fechado e planos de gestão ambiental contínuos, em conformidade com o conceito internacional de Green FTZ (Zona Franca Verde). Assim, o Estado consolida um modelo de crescimento digital de baixo impacto e carbono neutro, conectando tecnologia de ponta e sustentabilidade.
Segurança e competitividade
NORDESTE — A crescente demanda energética dos data centers representa um novo desafio para o sistema regional. Quais medidas a ZPE adota para assegurar estabilidade no fornecimento e competitividade frente a outros polos tecnológicos do país?
Fábio Feijó — Para garantir estabilidade energética e competitividade, a ZPE Ceará se apoia em uma combinação de infraestrutura robusta e políticas de incentivo.
O Complexo do Pecém possui conectividade internacional única, com 17 cabos submarinos assegurando redundância e segurança de dados, além de uma base industrial preparada para operações eletrointensivas.
A energia destinada aos novos empreendimentos virá de novos parques renováveis, sem afetar o consumo atual, e será reforçada por fontes adicionais exigidas pela MP 1307.
O modelo “plug-and-play” da ZPE, aliado a benefícios fiscais, logísticos e segurança jurídica, confere previsibilidade e custos operacionais reduzidos, tornando o Ceará um hub competitivo frente a outros polos tecnológicos do país.

Atração de investimentos e papel do Ceará
NORDESTE — O Ceará vem se consolidando como um dos principais destinos para grandes projetos tecnológicos e energéticos. De que forma a ZPE tem trabalhado para transformar essa convergência, entre energia renovável e infraestrutura digital, em um diferencial competitivo para o estado e para o Nordeste?
Fábio Feijó — A ZPE Ceará atua como catalisadora da convergência entre energia renovável e infraestrutura digital, transformando essa integração em um diferencial estratégico para o Ceará e o Nordeste.
O Estado vem se consolidando como referência nacional em tecnologia verde e economia do conhecimento, atraindo investimentos de grande porte e fomentando um ecossistema industrial sustentável e inovador.
Com parcerias entre universidades, centros de inovação e empresas, e R$ 200 milhões em contrapartidas voltadas à difusão tecnológica e capacitação, a ZPE garante que o talento local esteja preparado para atuar nessa nova fronteira econômica.
Dessa forma, o Ceará se posiciona como protagonista global na transição energética e digital, unindo competitividade, inclusão e sustentabilidade.
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