Ceará supera São Paulo e lidera avanço da indústria no Brasil em 2024

Ceará supera São Paulo e lidera avanço da indústria no Brasil em 2024

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O ano de 2024 entrou para a história recente da economia cearense. De acordo com dados oficiais divulgados pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), a indústria do estado cresceu 10,65% – desempenho que não apenas superou a média nacional, mas também deixou para trás a marca da tradicional locomotiva industrial do país: São Paulo, que cresceu apenas 3,1% no mesmo período (IBGE, PIM-PF Regional, fev. 2025).

Enquanto o Ceará acelerava, com expansão vigorosa em diversos setores da indústria de transformação, São Paulo – responsável historicamente por mais de 30% da produção industrial brasileira – teve um bom desempenho, mas ainda tímido.

Um salto industrial sem precedentes

O crescimento de 10,65% da indústria cearense, o maior desde 2010, consolidou o estado entre os líderes nacionais em expansão industrial, ficando à frente de todos os grandes centros industriais do país, inclusive Santa Catarina (+7,7%) e Minas Gerais (+2,5%) (IBGE, PIM-PF Regional, fev. 2025).

Setores tradicionais da economia cearense puxaram esse avanço, com altas expressivas em:

⚙️ Produtos têxteis: +29,3%

⚙️ Produtos de metal: +28,4%

⚙️ Confecção de roupas: +20,1%

⚙️ Calçados: +18,3%

⚙️ Metalurgia: +15,1%

Esses resultados mostram a capacidade de produção, adaptação e logística do Ceará para liderar a resposta industrial brasileira. O diferencial está na soma entre política industrial eficiente, infraestrutura estratégica e planejamento de longo prazo.

Uma demanda nacional, uma resposta cearense

Há fortes indícios de que o Brasil vive atualmente um contexto de inflação de demanda: o consumo das famílias segue aquecido, mas a capacidade da indústria nacional de atender à crescente demanda — em volume e velocidade — está pressionada. Esse descompasso entre oferta e consumo tem contribuído para a elevação dos preços, especialmente em bens industriais.

Nesse cenário, surge uma janela de oportunidade: quem conseguir produzir mais, com eficiência logística e custos competitivos, ganha mercado. O Ceará capturou essa oportunidade com agilidade. Combinando políticas públicas industriais bem desenhadas, como o Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI/ADECE), e infraestrutura estratégica, como o Porto do Pecém e a ZPE Ceará, o estado se posicionou de forma exemplar para suprir a demanda nacional reprimida por produtos industrializados.

O papel decisivo do Complexo do Pecém

Porto do Pecém – Ceará

Entre os principais motores dessa expansão está o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), que se consolidou, em 2024, como um vetor decisivo para o desempenho industrial do Ceará.

O Porto do Pecém movimentou 19,6 milhões de toneladas, um crescimento de 13% em relação a 2023. Só a ZPE Ceará respondeu por 10,5 milhões de toneladas, sendo hoje a ZPE mais ativa do Brasil. Esse salto logístico reflete diretamente o dinamismo produtivo do entorno, em setores como siderurgia, alimentos, metalurgia e energias renováveis — todos com forte alta no ano.

Além da movimentação recorde, há fatores estruturais que explicam esse impacto:

Hub de hidrogênio verde no Pecém, com potencial de elevar o PIB do Ceará em até 24,2% nos próximos anos (segundo a McKinsey).

Investimentos públicos e privados em infraestrutura portuária, energética e ferroviária.

➕Geração de empregos industriais em municípios como São Gonçalo do Amarante e Caucaia, que lideram indicadores de ganho socioeconômico no estado.

O Complexo do Pecém se consolida como uma verdadeira plataforma de produção e exportação, interligando o Ceará às cadeias globais de valor e dando lastro ao crescimento robusto do setor industrial estadual.

ZPE Ceará: sustentação de longo prazo

Hub de Siderurgia da ZPE do Ceará

Mais que um polo exportador, a ZPE Ceará é parte estratégica do esforço de garantir que o crescimento industrial cearense não seja episódico, mas uma tendência estruturada. Com isenções fiscais e regime aduaneiro especial, a ZPE cria condições para que o Ceará siga atraindo investimentos, aumentando produtividade e ampliando participação nas cadeias globais de valor.

Esse diferencial é o que permite ao estado competir com São Paulo não apenas em taxa de crescimento, mas também em agilidade de resposta industrial às novas pressões do mercado nacional e internacional.

Um novo horizonte para o empresariado cearense

Para o setor empresarial do Ceará, os dados de 2024 trazem uma mensagem clara: o empresariado cearense está pronto para liderar, competir e inovar em escala nacional e internacional.

O ambiente de negócios favorável, os resultados consistentes e a infraestrutura em expansão apontam para oportunidades em toda a cadeia produtiva — de fornecedores industriais a serviços logísticos, de tecnologia a qualificação profissional.

O resultado não é fruto de um ciclo isolado, mas de uma estratégia bem estruturada de desenvolvimento econômico, que harmoniza os investimentos públicos, a segurança jurídica e a visão de longo prazo iniciada no governo de Cid Gomes, ampliada com Camilo Santana e Isolda Cela, e agora consolidada na liderança do governador Elmano de Freitas.

O governador Elmano não só avança no legado que recebeu, ele também inova na atração de novos investimentos estruturantes como a articulação com o governo federal na ferrovia transnordestina, o polo automotivo (elétrico e híbrido) de Horizonte e no mega datacenter verde e na futura ampliação do hub siderúrgicotodos na ZPE do Ceará.

Conclusão: a locomotiva agora também passa pelo Nordeste

O desempenho de São Paulo segue relevante, mas os números de 2024 mostram que a locomotiva da indústria brasileira tem hoje mais de um trilho — e o Ceará está puxando esse novo trem do desenvolvimento.

Com crescimento industrial de 10,65%, bem acima dos 3,1% paulistas, o Ceará consolida seu protagonismo e inspira um novo modelo de crescimento: regionalmente equilibrado, competitivo e voltado para o futuro.

Fábio Feijó, presidente da ZPE Ceará

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