O bom futuro do Pecém

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Foi um ano de ouro este 2018 para a Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). Para começar, a usina siderúrgica da CSP alcançou a sua plena capacidade de produção – de 3 milhões de toneladas de placas de aço. E, como joia da coroa, a estatal cearense abriu 30% de seu capital para a entrada de um importante sócio europeu, o Porto de Roterdã, que já injetou na empresa 75 milhões de euros, algo equivalente a R$ 325 milhões. 

A CIPP tem agora, ao seu lado no mesmo negócio, a expertise do maior porto marítimo da Europa e um dos maiores do mundo. Não é pouca coisa. Os holandeses de Roterdã – sem ter, na geografia de sua cidade, para onde mais crescer – enxergaram no Porto do Pecém e no seu complexo industrial, ainda nascente, a oportunidade de incrementar seus projetos para além da fronteira europeias.

Parte dos recursos (R$ 90 milhões) aportados por Roterdã no capital da CIPP será investido, em curtíssimo prazo, na conclusão das obras de ampliação da estrutura do Pecém, que envolvem a segunda ponte de acesso ao porto, já terminada; a readequação de parte do molhe Leste de proteção que se tornará mais uma avenida de acesso ao Terminal de Múltiplo Uso (TMUT); e o novo berço de atracação, em fase final de construção. 

Os restantes R$ 235 milhões comporão um fundo garantidor para futuros financiamentos de que vier a necessitar a CIPP, para novas ampliações do porto ou para associar-se a empreendimentos, nacionais ou estrangeiros, que optarem por investir na área do seu complexo industrial. 

Não há dúvida de que a presença física, técnica, tecnológica, comercial e financeira do Porto de Roterdã, além de um selo de qualidade reconhecido e admirado internacionalmente, é, do ponto de vista político e estratégico, uma vantagem comparativa que coloca o Ceará um passo à frente no que tange à infraestrutura de transporte. 

Convergem os interesses de Pecém e de Roterdã. Ambos querem transformar o porto “off shore” cearense num hub marítimo, tirando proveito de sua equidistância da Europa e da Costa Leste dos EUA e, principalmente, de sua proximidade ao novo Canal do Panamá, que reduz em uma semana a viagem de navio daqui para a China. 

O Pecém deverá tornar-se um centro de distribuição de cargas: os grandes navios de contêineres ou de granéis poderão atracar no Porto do Pecém, cuja profundidade natural é outro item que o diferencia da maioria dos portos brasileiros, os do Nordeste incluídos. 

Se 2018 foi um ano de ouro para o Pecém, 2019 sinaliza para um período ainda mais dourado. A Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, por exemplo, a primeira instalada e em funcionamento no Brasil, receberá as fundações das primeiras indústrias de beneficiamento de mármores e granitos, o que agregará valor às rochas ornamentais extraídas do solo cearense e hoje exportadas em bloco “in natura”. 

A direção da CIPP, já com a presença de diretores de Roterdã, acena com uma solução rápida para o impasse burocrático que há dois anos impede a legalização de uma área de 1 mil hectares onde essas indústrias serão instaladas. 

Assim, na véspera de um novo ano, Pecém antevê mais um rico período de crescimento e de consolidação.

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