José Reinaldo: ZPE atrai grandes projetos para o estado

José Reinaldo: ZPE atrai grandes projetos para o estado

Tempo de leitura: 6 minutos

Por José Reinaldo Tavares, ex-governador do Maranhão

O Conselho Nacional de ZPEs aprovou o projeto da Oil Group, um projeto importantíssimo para o nosso desenvolvimento e pleno de tecnologia de ponta ainda não usada no Brasil. Essa é uma empresa que só se interessou pelo Maranhão após a aprovação de nossa ZPE. Em seguida, um outro grande projeto assinou conosco um Memorando de Entendimento, na semana passada, se comprometendo, também, a usar mão de obra local. Esse é um projeto de grande interesse para nós, formado por uma holding (HoldCo) pelas empresas parceiras no projeto Nexsolar, Ecori e Principes Partners. O projeto já está pronto para ser apresentado e, em consequência, nos comprometemos a defendê-lo e apoiá-lo, visando à aprovação junto ao Conselho Nacional de ZPEs para, só então, fazer parte de nossa ZPE.

Tudo isso se configura em uma grande vitória para o Maranhão, que começa a despertar o interesse de grandes grupos empresariais brasileiros e estrangeiros, em busca das imensas vantagens disponíveis aqui, como o Porto do Itaqui, localização estratégica, segurança climática, água, condições ímpares para a produção de energia renovável, hidrogênio, fertilizantes nitrogenados e muito mais. Imaginem se nosso complexo portuário, o mais importante do país, estivesse completo, com o maior de todos os nossos portos, que é o Terminal Portuário de Alcântara que, com a ligação ferroviária com a Ferrovia Norte-Sul, se transforma no porto para os clientes da ferrovia recomendado ao Brasil pelo Banco Mundial, pois com ele se livram do Custo Brasil e conseguem ter seus lucros maximizados.

E isso sem o Maranhão fazer nenhuma campanha agressiva para mostrar aos empresários, do Brasil ou do exterior, as nossas vantagens, como nenhum outro estado possui, para diversos projetos importantes para o futuro da nova economia que está se impondo. Mas, urgentemente, precisamos fazer.

O projeto da Oil Group já está aprovado. É um projeto estruturante e um vigoroso atrativo para a vinda de outras empresas para o Maranhão. A sua implantação será em três fases e o projeto completo é composto de refinarias modulares, completando 50 mil barris por dia, nessa fase inicial, prevendo expansão nas outras fases, fertilizantes, energia renovável, petroquímica, termoelétrica, e outras indústrias – como combustíveis para aviação (QAV renovável), diesel comum e renovável, diesel marítimo/MGO, gasolina, geração de 2000 empregos na implantação e 300 empregos na operação após implantação, com investimento total de R$ 15 bilhões, sem falar em indústrias outras como a de fármacos que poderá se beneficiar da petroquímica. Um projeto estruturante.

O projeto da Nexsolar, Ecori e Principes Partners se descreve como HUB H2X, é um Complexo Industrial Integrado ao Agro para produção de e-Metanol. A Nexsolar é uma marca de referência na produção de energia fotovoltaica. A Ecori se destaca por ser um dos maiores distribuidores de equipamentos do Brasil. A Principes Partners é uma empresa de gestão e consultoria, com sede em Hong Kong, com uma atuação muito importante em diversos setores da economia.

A estrutura do mercado de e-Metanol, segundo o projeto, é crescente. Em 2022, o mercado foi de US$ 210 milhões e deve atingir US$ 2,1 bilhões em 2031. Entre as aplicações estão: solvente industrial, produção de biodiesel, agentes de flotação, desinfetantes, fabricação de resinas acrílicas e fibras de poliéster, indústria farmacêutica.

A maior parte de metanol usado no Brasil precisa ser importada. A iniciativa marítima FuelEU criou metas que incluem redução de emissões de 2%, até 2025; 6%, até 2030 e 80%, até 2050. A partir de 2025, navios que não cumprirem os limites enfrentarão penalidades, como minitas e pagamentos por emissões excedentes.

A GPC Química e a Companhia Petroquímica do Nordeste (Copenor) são as duas empresas brasileiras que competem no mercado de metanol nacional. A projeção da demanda de metanol para o setor marítimo do Brasil, em milhões de toneladas, será crescente. Em 2030, será de 0,27; em 2040, de 1,11 e, em 2050, de 3,18, um aumento de 112% sobre os dez anos anteriores. E a dinâmica global da demanda e oferta de metanol é a seguinte: na Europa (incluindo Rússia), a produção é de 7% e a demanda é de 12%. Mais de 50% da produção é russa. Na América Norte e na América Latina, a produção é de 20% e a demanda é de 10%. Os maiores produtores são o EUA, a Costa do Golfo e Trinidade. No Oriente Médio e África, a produção é de 22% e a demanda é de 4%. Iran (40%) e Arábia Saudita (30%) são os maiores produtores, com 70% dela. A China produz 46% e tem demanda de 60%.nE a Ásia do Pacífico produz 5% e tem demanda de 14%.

A demanda global de metanol deve crescer 17 milhões de toneladas nos próximos 5 anos. Assim, abre-se um grande mercado para o Maranhão: o de abastecimento dos grandes navios que vêm para os nossos portos ou que passem pela Baía de São Marcos e entram para abastecer. Essa demanda total de combustível marítimo, em equivalente de etanol, está estimada em mais de 400 milhões de toneladas por ano.

Outros combustíveis serão necessários para atender a essa demanda. Metanol tem disponibilidade, é seguro e eficiente para o transporte do hidrogênio de alta densidade (CHOH), com manipulação segura nos transportes de hidrogênio líquido na temperatura ambiente e seguro de transportar. É um combustível de baixo carbono. Um caminhão de metanol é equivalente a 12 caminhões de H2 comprimido. Estima-se também que 22,5 milhões de toneladas de CO2 poderiam ser capturados em usinas de etanol (carbono biogênico), o que representaria 16 milhões de toneladas de e-Metanol.

Quando estiver operacional, a planta tem previsão de gerar uma receita anual de 378 milhões de reais por ano e ter um payback estimado em 3,2-5,4 anos. É previsto no cronograma do investimento que seja concluído em 1,5 anos a 2 anos, devido ao procedimento de importação dos equipamentos, transferência de tecnologia, e implantação.

Como se vê, estamos rapidamente avançando no desenvolvimento econômico do estado. Se esse esforço for completado com a construção do Terminal Portuário de Alcântara para grandes navios e sua ligação ferroviária com a Ferrovia Norte-Sul, com o avanço enorme no setor digital com o Cabo Submarino, com as Casa de Esperanças para termos capital humano em abundância e uma ZPE sempre dinâmica, o Maranhão arrancará rumo ao desenvolvimento, levando com ele todo o Nordeste e o Brasil.

E o melhor com empenho tudo isso pode virar realidade em pouco tempo.

Fonte: Jornal Pequeno | Foto: Divulgação

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