ZPE da Zona da Mata deve iniciar operações em 2026

ZPE da Zona da Mata deve iniciar operações em 2026

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Após a inauguração da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) em Uberaba, no Triângulo Mineiro, o Estado se prepara para receber mais uma unidade, dessa vez na Zona da Mata. Localizado em Goianá, nas proximidades do Aeroporto Itamar Franco, o projeto promete atrair empresas de múltiplos segmentos, gerando emprego e desenvolvimento para toda a região.

Atualmente em andamento, a ZPE Zona da Mata aguarda apenas alguns trâmites antes de avançar para Brasília (DF) para a aprovação do governo federal. A expectativa é que o início das obras ocorra em meados de 2026, com start de operações ainda no mesmo ano.

Empresas que se instalarem nas unidades contarão com isenção de tributos federais de importação e exportação, além do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A medida promete garantir, por duas décadas, segurança jurídica no mercado global, ampliando a atratividade de empresas, especialmente estrangeiras, de se instalarem no local.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Zonas de Processamento de Exportação (Abrazpe), Helson Braga, o terreno em Goianá, de aproximadamente 200 mil metros quadrados, foi escolhido após estudos que consideraram aspectos logísticos, topográficos, além do tamanho mínimo e recursos de infraestrutura para a viabilidade da ZPE. “O processo tem semelhanças ao de um distrito industrial e o ponto de partida é a definição do terreno”, acrescenta.

Inicialmente, a cidade vizinha, Rio Novo, seria a escolhida para abrigar o projeto. Entretanto, o município não conseguiu reunir recursos suficientes para dar sequência e, com isso, perdeu a autorização. “Na época, por ainda não haver recursos privados, a cidade precisava mostrar que possuia montantes suficientes para implantar o projeto. Ainda assim, Rio Novo teve oportunidade, conversamos com prefeito, mas não tiveram a compreensão da importância de abrigar um projeto desse porte”, destaca o dirigente.

Duas empresas, dos setores de energia e processamento de alimentos, já negociam para compor a ZPE Zona da Mata. Segundo Braga, a atração de negócios, e consequentemente de investimentos, refletem a vocação da região em determinados segmentos, bem como o potencial de desenvolvimento a partir de cada inserção.

A implementação do projeto na região promete também alavancar as operações do Aeroporto Itamar Franco, uma importante porta de entrada para a região. O terminal, que atende cidades pujantes como Juiz de Fora, tem papel estratégico no escoamento da produção regional e na atração de investimentos, especialmente com a expansão da infraestrutura logística no entorno.

Potencial logístico deve levar próxima ZPE ao Sul de Minas

No momento, o Brasil possui 13 ZPEs autorizadas, sendo quatro já inauguradas nos estados de Minas Gerais, Piauí, Ceará e Mato Grosso, gerando mais de 4 mil empregos diretos. Além das unidades no Triângulo Mineiro e Zona da Mata, Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, esteve prestes a abrigar uma importante zona de processamento e exportação na região.

Entretanto, segundo o dirigente, houve imbróglios, tanto em nível federal quanto municipal, que inviabilizaram o projeto. Com terreno insuficiente e desinteresse municipal, o projeto em Teófilo Otoni foi parar na Justiça e não deve se concretizar nos próximos anos. “A ZPE percorreu por todas as instâncias jurídicas e a área teria que ser transferida, porém, não houve interesse local nesse projeto”, pontua Braga.

Até a metade do próximo ano, a associação batalha para alcançar a marca de 20 unidades autorizadas pelo governo federal. Dessas vinte, Braga acredita que o Estado possa ser contemplado com uma terceira unidade, que provavelmente deve ser instalada nas proximidades de Extrema, no Sul de Minas.

Com localização estratégica e próxima a São Paulo, a região tem se consolidado como um dos principais polos de desenvolvimento logístico e industrial do Estado. “São regiões com alto potencial que precisam se desenvolver. Além de atraírem empresas e gerarem emprego, as ZPEs permitem que indústrias estrangeiras mais avançadas tecnologicamente apliquem métodos modernos no País e desenvolvam toda a região”, destaca.

“Tarifaço” estimula aproximação do setor com empresas chinesas e americanas

As Zonas de Processamento e Exportação são consideradas um dos instrumentos mais utilizados no mundo para promoção do desenvolvimento local. Atualmente, segundo a Abrazpe, existem mais de 7 mil ZPEs no mundo, com modelo de negócio recomendado Organização das Nações Unidas (ONU) e Banco Mundial.

Na China, as unidades representam mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do País e englobam metade do capital estrangeiro investido na maior economia do oriente. “As ZPEs correspondem a dois terços das exportações chinesas e são adotadas em mais de 150 países no mundo, independente da posição política e modelo econômico”, destaca.

Diante das atuais instabilidades no comércio global – intensificadas por políticas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos com o governo de Donald Trump – mercados internacionais têm enfrentado incertezas e sinalizam um novo rearranjo nas relações comerciais. “Apesar das incertezas quanto à manutenção do tarifaço, é certo que a confiança do mundo no país norte-americano foi abalada”, explica.

A expectativa é que ocorra um intenso deslocamento de empresas de países, como a China, que poderão optar por regiões menos receosas a conflitos, como a América Latina. Além disso, o setor projeta que empresas americanas instaladas em outros países também poderão optar por não retornar aos Estados Unidos, escolhendo novos destinos para os negócios.

“Estamos nos preparando para trazer empresas ao Brasil, tanto americanas quanto chinesas. Assinamos um acordo de parceria com a China para implantarem negócios dentro das ZPEs, incluindo em Minas Gerais. Com isso, podemos sair vitoriosos em alguns aspectos”, conclui o dirigente.

Fonte: Diário do Comércio | Foto: Reprodução Site Oficial Zona da Mata Aero

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