Conheça o que mudou no Ceará com a chegada da CSP

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Tamirys Ferreira de Morais, de 29 anos, encontrou uma oportunidade profissional na Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). Ela trabalha na sala de controle do Pátio de Matérias-Primas da siderúrgica, em uma atividade essencial para a área dela. A técnica em petróleo e gás começou como estagiária, em 2015, e, em pouco tempo, foi efetivada como empregada da empresa. “Quero me capacitar em eletrotécnica para crescer na CSP”, projeta Tamirys.

Claudio Henrique Paiva Filho, de 34 anos, após dez anos trabalhando como mecânico em uma indústria têxtil de Maracanaú, fez um curso de aprimoramento na profissão e decidiu enviar o currículo para a CSP. Em 19 de outubro de 2015, passou de mecânico a técnico em manutenção. Uma nova empresa em uma nova atividade. Segundo ele, sua renda mensal praticamente dobrou, o que o possibilitou comprar a casa própria para morar com a esposa e a filha. Agora, seu objetivo é estudar para se tornar engenheiro de produção.

Tamirys e Cláudio são dois entre milhares de exemplos de cearenses e brasileiros que foram impactados positivamente pelas oportunidades geradas pela siderurgia no Ceará, que investiu e investe em formação de mão de obra e em desenvolvimento de fornecedores. Ainda que a maior parte de sua produção seja destinada ao mercado internacional, a CSP, por exemplo, tem como um dos seus pilares contribuir para o desenvolvimento socioeconômico e sustentável do Ceará.

Atualmente, são cerca de 20 mil empregos gerados pelas atividades da CSP, levando em conta os diretos e indiretos, que incluem os empregos gerados pelas empresas contratadas pela siderúrgica. De acordo com o Observatório da Indústria, pelo menos a partir de 2014, com a instalação da companhia, o volume de postos de trabalho gerados na siderurgia do Ceará começou a crescer significativamente, bem como o dinheiro movimentado por esses novos empregados.

Em 2013, o setor da siderurgia gerava 588 vagas de empregos formais diretos no Estado. Com a implantação gradativa da CSP, o setor passou a gerar, em 2017, 3.089 postos de trabalho diretos, o que representa um salto de 0,7% para cerca de 4% do total de empregos do Ceará.

Umas das contribuições do setor siderúrgico no Estado para o desenvolvimento socioeconômico e sustentável foi o investimento na capacitação de fornecedores locais, como a criação do Dia do Fornecedor Local. Só esta ação já gerou R$ 5,5 milhões em negócios às empresas participantes, de fevereiro deste ano até agora. A partir do projeto, a CSP já recebeu 100 fornecedores da região, em geral pequenas e médias empresas, 74 fornecedores já foram qualificados e 26 estão em processo de análise.

De janeiro a agosto de 2018, já foram R$ 560 milhões comprados de fornecedores locais. Em 2017, a CSP comprou R$ 850 milhões desses fornecedores. Foram mais de US$ 1,9 bilhão de compras locais na fase de construção. A companhia é a primeira usina integrada do Nordeste, ou seja, a primeira usina que faz todo o processo produtivo do aço, desde o recebimento de matérias-primas até a placa de aço, gerando diferentes perfis de produtos e serviços comprados e contratados localmente.

Antonio Martins, do Observatório da Indústria, também ressalta que a CSP gera um impacto direto nos fornecedores de minerais não metálicos, como sílica, quartzo e dolomita, insumos importantes para a siderurgia.

A CSP, que produz placas de aço desde junho de 2016 em São Gonçalo do Amarante, colocou o Ceará em uma posição de destaque no mercado siderúrgico brasileiro. A empresa atingiu a marca de 2.199.638 toneladas de placas de aço produzidas de janeiro a setembro de 2018, com performance em alta nos últimos três meses. No que se refere à exportação, a companhia embarcou 2.200.195 toneladas de placas de aço pelo Porto do Pecém. A capacidade instalada de produção da CSP é de 3 milhões de toneladas por ano.

Em dois anos de produção, os resultados alcançados só crescem, acompanhando o bom desempenho do mercado nacional. Segundo dados do Instituto Aço Brasil (IABR), de janeiro a setembro, comparando 2018 com 2017, a produção de placas de aço cresceu 16%, totalizando quase 9 milhões de toneladas.

Ricardo Parente, gerente de Relações Institucionais e Comunicação da CSP e presidente da Associação dos Empresários do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Aecipp), destaca que a siderurgia é dona do maior investimento privado já realizado no Ceará, tornando a CSP a maior indústria do setor e impactando positiva e diretamente na balança comercial do Estado e do Brasil.

Na avaliação de Parente, “por termos um porto com excelente posição geográfica e tornando-se parceiro de Roterdã (Holanda), acredita-se em uma evolução institucional, administrativa e operacional do CIPP, consequentemente, com atração de novos investimentos para o complexo”.

Antonio Martins, economista do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), afirma que, certamente, os resultados da CSP têm sido destaques no cenário nacional, uma vez que a companhia foi responsável por tirar o Ceará de uma posição até então pouco significativa no mercado siderúrgico do Brasil. Mais do que isso, as exportações da CSP passaram a responder por mais de 50% das vendas totais do Estado para o mercado internacional, saindo de cerca de US$ 1 bilhão para US$ 2 bilhões em exportações.

O Ceará deixou de ser apenas exportador de frutas, calçados, castanhas de caju e camarão para entrar no rol dos chamados “players” da siderurgia. O Estado contabiliza em 2018 um total de U$$ 896,8 milhões exportados em produtos de ferro fundido, ferro e aço. Em 2014, esse valor era de apenas U$$ 2,87 milhões.

Para Martins, as expectativas do setor siderúrgico no Estado para os próximos anos são animadoras, em especial para a CSP, cuja produção é destinada quase que totalmente ao mercado externo, não dependendo demasiadamente da construção civil nacional. A CSP está localizada em uma ZPE (Zona de Processamento de Exportação) – que exige, no mínimo, 80% do faturamento sendo proveniente de exportação. “O mais importante para a CSP é o crescimento dos Estados Unidos, México e Turquia, seus maiores compradores”, assinala Martins.

A CSP objetiva manter os bons resultados alcançados em 2018, chegando à sua capacidade nominal, com foco nos conceitos de austeridade, eficiência e zero desperdício. Atualmente, são mais de 180 tipos de placas de aço sendo destinadas pela empresa para mais de 20 países. Os principais compradores das placas de aço da CSP, de agosto de 2016 a setembro de 2018, foram: Estados Unidos (1.287.395 t de placas de aço compradas); México (921.374 t de placas de aço compradas); Turquia (804.867 t de placas de aço compradas); Brasil (355.721 t de placas de aço compradas) e Coreia do Sul (343.836 toneladas de placas de aço compradas). As exportações de placas de aço da CSP aumentaram em mais de 70% as exportações do Porto do Pecém.

Constituída em 2008, a CSP é uma joint venture binacional formada pela brasileira Vale (50% de participação) e pelas sul-coreanas Dongkuk (30%) e Posco (20%). Com investimento da ordem de US$ 5,4 bilhões, a CSP está localizada em uma área de 571 hectares. A composição acionária da CSP traz pela primeira vez ao Brasil a expertise de mercado da Dongkuk, maior compradora mundial de placas de aço, e o conhecimento tecnológico da Posco, quarta maior siderúrgica do mundo e a primeira na Coreia do Sul.

A CSP integra o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), no Ceará, dentro da primeira Zona de Processamento de Exportação (ZPE) brasileira, fatores fundamentais para garantir ampla competitividade ao produto nacional. A produção da empresa é voltada para geração de produtos laminados de alta qualidade para a indústria naval, de óleo & gás, automotiva e construção civil.

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